Protágoras de Abdera, nos diz que: O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são. A isso Protágoras se referia sobre o homem como centro das coisas que vê, sente, percebe, reflete e produz. Além de conter o relativismo, também contém o antropocentrismo. Ou seja, podemos dizer que o fogo queima, isso não é relativo, assim como a água molha e sacia a sede, bem como se não nos alimentarmos morreremos. Tais fatos não são relativos. Mas quando dizemos sobre sensações místicas, mágicas, percepções, noções e concepções espirituais, religiosas e com deuses ou divindades, elas não são fatos absolutos em si, mas evidências relativas, pois cada pessoa vê, sente, percebe e reproduz sensações místicas de forma bem particular, pessoal e específica. Isso também em relação as manifestações religiosas e seus deuses. Já que são produtos culturais, sociais e de subjetividades.O trabalho em tela é um esforço de expor e contextualizar, as possíveis expressões das primeiras formas, modos e tipos de manifestações místicas, ritualísticas, mágicas, sacrificiais, de crenças e míticas nos processos sociais, culturais, econômicos, políticos e históricos das sociedades. Verificando assim, os primeiros fundamentos, processos e construções biopsicossociais, bem como suas produções e reproduções místicas e de crenças. Isso sendo verificado através e por meio dos povos considerados primitivos, antigos e arcaicos. Dessa forma, iremos realizar uma tentativa de reconstrução cronológica da formação e manifestação das primeiras práticas místicas, mágicas, ritualísticas e sacrificiais ao longo da história, e que vão culminar na formação das religiões. Uma vez que, é justamente através e por meio das relações entre os povos, sociedades, culturas, civilizações e seus antropofagismos culturais, místicos, míticos, ritualísticos e de crenças, que se produzem outras manifestações e possíveis religiões. Com isso, são nas relações e interações sociais entre as mesmas, integrando certos elementos, conteúdos, crenças etc., umas das outras, que as manifestações tidas como religiosas foram surgindo e se disseminando por inúmeros lugares. Logo, tais processos e manifestações não permaneceram estáticos, mas foram mudando e se transformando ao longo da história até a atualidade. E assim, a Magia, os Rituais, Mitos, sacrifícios e relações com a morte também foram se transformando e sendo ressignificados. Produzindo nos processos, diferenciações e transformações, certas dissonâncias, mas também mantendo certas consonâncias ou semelhanças. Entretanto, após a criação das religiões e suas relações com o Estado, sobretudo com o sistema capitalista, tais dissonâncias são bem mais evidentes. Também podemos dizer que o trabalho em tela, talvez seja uma exposição sumária dos desdobramentos dos processos evolutivos, de desenvolvimentos, progressos e multiprodutos das inúmeras manifestações místicas, religiosas, culturais e de seus deuses. Evolutivos, progressos e desenvolvimentos aqui, diz apenas nos sentidos e aspectos das criações, produções, reelaborações e organizações criativas dos povos, sociedades e ou civilizações, suas culturas, misticismos e crenças. Sobretudo de suas divindades, magias, rituais e deuses. Porém, não havendo superiores ou inferiores entre nenhuma. Esta produção está sob óticas, análises e reflexões das áreas, campos e disciplinas da filosofia da história, filosofia das religiões, sociologia, psicologia e história das religiões, da antropologia cultural social e das religiões, da ciência das religiões, literatura e dentre outras.Algumas das conclusões é que não há essência e nem tão pouco sentimentos místicos, mágicos e religiosos anteriores a espécie humana, e muito menos em um único indivíduo isolado, mas sim entre sujeitos agindo e interagindo nas relações sociais e suas práticas subjetivas e objetivas. Ou seja, a ideia, noção e concepção de sentimento e essência religiosa são em si um produto social, cultural e político. Político porque o sentimento místico religioso também cumpre funções e objetivos específicos nas sociedades. Essas e outras conclusões e considerações poderão ser evidenciadas na obra.