O livro conta, com leveza, a trajetória de uma família paraense sitiada pela pobreza, atravessando décadas do século 20, no interior da Amazônia. Personagens iguais a tantos que enfrentam a miséria nas periferias das grandes cidades ou nos vilarejos longínquos do interior, brasis imersos na pobreza e na bruteza, num Brasil de hoje, pleno século 21. Uda é, sobretudo, uma história de resiliência e superação, um livro que chora e ri, que arrebata e emociona, o leitor há de se surpreender e se encantar.Outros personagens e histórias diversas enriquecem o enredo, peças fundamentais para o entendimento da mentalidade da época e da grandeza cultural da região, com os seus falares, ritos de fé, crenças e costumes. São pessoas de simplicidade rústica, ora beirando a inocência, ora a bruteza, imensamente humanas e viscerais, vidas e trajetórias parecidas atravessando o mesmo rio de adversidades, na luta cotidiana contra as correntezas.Uda é um livro que mistura ficção com realidade, mescla nomes, lugares e personagens inventados com pessoas tangíveis e dramas reais que, aos olhos distantes da corte afetada, parecem inverossímeis, dadas a aspereza e a contundência que con-têm. Contudo, a narrativa corre serena, esquivando-se dos clichês que rodeiam a miséria material, jargões que, muitas vezes, descambam na vitimização dos excluídos de toda sorte. Linhas sem grandes pretensões, falando de pessoas simples, comuns, mas, sobretudo, dizendo de dores humanas e de superação. Histórias pungentes que saem dos limites do regional e se conectam com sentimentos universais.Tiana de Corina nasceu em Capanema, Pará, no Dia do Glorioso São Sebastião, em 1964. Formou-se em Letras e se especializou em Linguística pela UFPA, na década de 80. Concursada no serviço público, ministrou aulas de Língua Portuguesa nas secretarias de ensino, SEMEC e SEDUC, de 1985 a 2004, em Belém. Publicou Gaveta de Guardados, em 2001, livro de poemas e crônicas, registros dos seus exercícios de escrita, durante e depois do curso de Letras. Mora em Brasília.