O Coque da Medusa: Em busca do Eldorado é o primeiro volume de uma série que se inicia em uma enfermaria de um hospital de Belém do Pará, com a conversa entre um médico paraense e um advogado carioca que foi buscar informações sobre uma americana ali internada, única sobrevivente de um crime no qual morreram outras quatro pessoas.Em um leito próximo, uma mulher acompanha o que dizem.Mesmo sem conseguir mostrar que está viva, ela ouve todo o diálogo e, a partir daquele momento, vai juntando os pedaços da sua história, desde que, ainda criança, morava na roça junto dos pais, no sul do Brasil.Conforme suas lembranças vão surgindo, visualiza em uma grande tela imaginária a sua vida entre familiares, estudando e trabalhando como técnica de enfermagem em um hospital da capital paulista, onde, depois de quinze anos naquele emprego, resolve mudar os rumos daquela vida tão sem cor e sem futuro, indo trabalhar em uma cidade do norte do Brasil.Em uma interminável viagem de ônibus de São Paulo a Belém do Pará,vai obtendo as primeiras informações sobre as pessoas e a cultura da região, tão diferentes dos lugares por onde morou. É através do contato forçado com alguns passageiros que os traços de sua personalidade vão sendo apresentados, não apenas por meio das recordações que continuam aflorando, mas também pelas suas reações aos acontecimentos ao longo do percurso.Ao chegar a Belém, conhece o futuro patrão, um marceneiro, que a leva até a ilha em que vai morar, na divisa entre o Pará e o Amapá. Lá, depois do primeiro choque com tudo o que encontra, descobre que a paciente a quem vai prestar os seus serviços pode estar sofrendo de uma doença mental, área da qual sempre fugiu e para a qual não têm nenhuma experiência e formação. Além disso, que a proposta de trabalho não era bem o que pensava. Precisa decidir entre fugir e lutar. Fugir significa voltar à vidinha que tinha. Lutar é arriscado. No entanto, a recompensa pode significar a verdadeira mudança pela qual tanto anseia.Para não ser apenas mais um livro técnico falando de doenças mentais, foi escrito na forma de romance naturalista e, em acordo com essa classificação, trata abertamente as situações da natureza humana, através da linguagem falada.A partirdas recordações que vão se descortinando frente à paciente aparentemente em coma, o leitor passa a tomar conhecimento não apenas da vida da personagem, mas, sobretudo, dos seus traços de personalidade que vão sendo mostrados ao longo de uma viagem de quase cinquenta horas, em um ônibus não convencional, de São Paulo até a capital paraense, assim como, as característicasfísicas, sociais e culturais de um povo e de uma região da Amazônia,entre o Pará e o Amapá, desconhecidos para a maioria dos brasileiros.