A vida é um poema que a Musa cultura narra através de seus oráculos, cuja inspiração se ancora nos diversos personagens da saga humana, ultrapassando os fenômenos da ciência, da tecnologia, da política, da literatura, da arte, da filosofia, da religião, focando na apropriação do homem por si mesmo, no universo dos deuses e heróis que lhe habitam, o fúlgido horizonte de sua epopeia, em busca de sentidos para um tempo finito em um universo infinito.As Teogonias e Ilíadas de hoje remetem a múltiplos Olimpos que abrigam uma complexa diversidade de deuses e heróis. Suas sandálias, vestes, cedros, moradias, adereços, poderes, ao tempo que os singularizam diferindo as gerações de deuses e heróis, os assemelham em arquétipos mitológicos básicos da natureza humana. As matrix que os abrigam apresentam realidades simuladas, virtuais e físicas, com códigos de acesso e exclusão, com mensagens cifradas capazes de distanciá-los até de si mesmo, aprisionando-os muitas vezes em rochas do tempo, em aplicativos de fugas, em profecias fatalistas, em ordens de pensamentos, gestos e hábitos rituais, ou libertando-os para uma comunicação profunda consigo, com outros heróis e deuses, sinalizando para construção de sentidos a sua existência.As cascatas de mitos que continuam circulando na cultura trazem, entre outros, alguns dos jovens deuses como Hefesto, Dionísio, Hermes, Ares e Apolo, a brincar e ensinar simbolicamente aos mortais, coragem, virtudes, transcendência, mas precisam que os Hesíodos e Homeros,representados nas instituições educativas, de arte e lazer, de saúde, de assistência social, de organização comunitária, de trabalho, de ciência e tecnologias, de comunicação, de políticas, de religião, de segurança e justiça, de direitos humanos e vivências compartilhadas, concebamversos numinosos, nos quais a linguagem suporte o imaginário com situações esquizomorfas, místicas e sintéticas,em experie^ncias que possam sacralizar a vida e as características humanas.Esse livro é o primeiro de uma tríade, nos quais foram selecionados alguns estudos da pesquisadora Roseli de Oliveira Ramos que, embora constelados em figuras de deuses masculinos, simbolicamente representam qualidades presentes nos humanos de qualquer gênero, com reflexões sobre imagens de jovens deuses que se escondem no cotidiano, trazendo dissimuladas sua estrutura heroica, mística e disseminatória, possíveis de serem decodificados a partir de alguns transdutores híbridos, como seus complexos afetivo-representacionais,afetivo-motores e afetivo-motor-actanciais, pois que, segundo Durand (2002), evidenciam modos de pensar, valorar e agir residuais que transitam magnetizados entre os polos na trajetividade humana.